“Nunca tens medo?”
“Medo de quê?”
“Do nosso sonho…acabar…”
“Não.”
“Como?”
“Se é um sonho, ele apenas acabará quando tu quiseres acordar.”
“E se eu não quiser acordar?”
Nós realmente não notamos o quão presas estamos a alguém até termos aquela pequena oportunidade de parar, respirar fundo, olhar para o tecto e pensar “Mas como raios é que isto aconteceu?”. Ficamos totalmente desorientadas e a buscar mentalmente uma saída dessa situação. O problema é quando percebemos que, todo esse tempo que estivemos presas a outra pessoa, perdemos basicamente o nosso tempo a andar aos círculos, nunca saindo do mesmo sítio.
Não vale realmente a pena esperar por alguém que nunca sequer esperou por nós. É ridículo, ignorante e irreversível. Simplesmente patético. Duplamente patético quando deixamos tal acontecer duas vezes seguidas. Cometer uma vez um erro, é humano. Cometer duas vezes o mesmo erro, é burrice.
Naqueles filmes lamechas e sem conteúdo, que dão nos canais públicos todos os domingos à tarde, com romance suficiente para qualquer um ter uma overdose de açúcar, costuma-se dizer que quando gostamos realmente de alguém deixamos essa pessoa ir embora. Sou mais adepta do lema “se gostas realmente de ti própria, manda a outra pessoa ir embora, nem que seja a pontapé”. Não vou pontapear a pessoa mas definitivamente vou deixar a porta aberta para ela sair. Não fosse o facto de essa mesma pessoa ter simplesmente começado a caminhar nessa direcção de um momento para o outro, seu eu mesma dar conta.
Pensando bem, provavelmente nem foi de um momento para o outro. Uma pessoa com estas coisas, por vezes, perde a total noção do tempo. Mas o importante é que serviu como uma chamada (ou mesmo grito!) de atenção, além de que abrir a porta nem custou tanto como o previsto. É sempre aquela mescla de ansiedade, alívio e sufoco, mas nada que não seja facilmente concertado, nem que seja novamente com o mesmo erro.
E é por isso que este tempinho livre vale realmente a pena. Não apenas pelas horas maravilhosas estendida na areia a derreter que nem um pinguim no Brasil ou pelas bebedeiras nunca curadas porque não há simplesmente pausa para ficar sóbria. Não! Arrumar a cabeça é definitivamente o factor prioritário em causa. Acabei de dar mais um passo, chegou finalmente a altura de dar o próximo e não posso ficar eternamente com o pé levantado à espera que os fantasmas se desviem e possa finalmente pousá-lo.
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